Na sua forma mais simples, a educação ambiental tem por
objetivo mostrar aos alunos, e, sobretudo às crianças, a importância do ambiente
em que vivemos que deve ser preservado como um tesouro que temos a
responsabilidade de guardar, e que não devemos destruir nem desperdiçar. Cuidar
do meio ambiente pode ser entendido como mais um dos princípios morais e éticos
que também são objeto de preocupação dos educadores - as crianças devem
aprender a ser responsável, cumprir suas obrigações, respeitar os mais velhos,
tratar bem a seus semelhantes, não se comportar de modo agressivo.
Como dar formação ética e moral na escola, em relação ao
meio ambiente como em relação a outros valores? A pior forma é fazer da
formação moral objeto de um discurso retórico desvinculado da vida dos
estudantes, assim como da própria realidade dos professores. Este tipo de
retórica, no melhor dos casos, não consegue interessar e motivar os estudantes,
e, em situações mais extremas, acaba por indispô-los contra as ideias
apresentadas nas aulas, que são vistas como abstratas desligadas da realidade
da experiência diária das pessoas, quando não, diretamente, hipócritas. A
melhor forma de educação moral é aquela que é dada pela prática quotidiana dos
professores e dirigentes escolares. Os estudantes tendem a tomar seus pais e
professores como modelos de vida, a serem copiados e emulados, e adotarão as
formas de comportamento e os princípios morais de seus modelos. Uma família e
uma escola que adotem, no dia a dia, práticas de cuidado com o meio ambiente,
transmitirão naturalmente esta prática a seus filhos e alunos, mesmo que ela
não seja objeto de aulas e preleções formais.
Isto não significa, no entanto, que os professores não
devam refletir e entender os princípios éticos que praticam, e trabalhá-los com
seus estudantes, para que eles entendam o que estão fazendo, e tenham
condições, sobretudo, de identificar os difíceis dilemas e opções que são
inevitáveis quando buscamos nos comportar, na prática, de acordo com princípios
éticos e morais que possuímos. É fácil compreender que o verdadeiro
comportamento ético não reside na repetição de enunciados gerais e abstratos -
ame o próximo, não seja violento, respeite os mais velhos, proteja a natureza -
e sim na capacidade de enfrentar os dilemas diários que se colocam no
relacionamento entre pessoas e destas com o mundo em que vivem em condições de
recursos precários, necessidades prementes e pouca informação. Ser contra a
violência pode assumir diferentes formas, desde o pacifismo extremo da
resistência passiva e de oferecer a outra face aos que nos ofendem ao apoio a
políticas públicas de repressão intensa e exemplar a todas as formas de
violência ilegítima. A ética ambiental também pode adquirir aspectos muito
distintos, desde a defesa intransigente de todas as formas e manifestação da
natureza - cada árvore, cada inseto, cada pedaço de solo - até a busca de
formas de intervenção muitas vezes drásticas no ambiente natural, para torná-lo
mais adequado ao uso humano e a sua preservação através do tempo.
Os especialistas que têm se dedicado ao estudo dos temas
ambientais distinguem diferentes correntes, orientações e ideologias
ambientalistas, que muitas vezes se confundem. Uma maneira de entender estas
diferentes correntes ou ideologias é pensar em uma linha ou contínuo que vai de
um extremo que poderíamos chamar de "geocêntrico" a outro que pode
ser chamado de "antropocêntrico".
A corrente geocêntrica parte da ideia de que o homem deve
se adaptar e integrar à natureza, e não a natureza ao homem. Nesta perspectiva,
os sistemas ecológicos, formados por florestas, rios, mares e campos, assim
como as espécies vegetais e animais, são frágeis e insubstituíveis, e estão
ameaçados pelo crescimento da indústria, da tecnologia e da ocupação dos
espaços pelos homens. Os interesses das pessoas devem se subordinar à
necessidade de preservação das espécies e dos ambientes naturais. Para isto, a
sociedade deveria ser organizada para atender no máximo às necessidades das
pessoas, e não a seus desejos. As tecnologias usadas na agricultura e na
indústria deveriam ser as mais simples, fazendo uso intensivo de mão de obra, e
poupando ao máximo o uso de recursos naturais, como a água e os minerais. O
ambientalismo geocêntrico é uma forma extrema de ambientalismo, na medida em
que exige, para se realizar, de uma profunda transformação na maneira pela qual
as sociedades estão organizadas.
A visão oposta, também extrema, é a visão
antropocêntrica, para a qual a natureza existe para servir ao homem, e não haveria
limites éticos ao uso de recursos naturais e à intervenção e transformação dos
ambientes naturais para servir aos interesses humanos. Esta noção faz parte do
pensamento moderno que surgiu com a revolução industrial no século XVIII, que
supõe que os recursos da natureza seriam infinitos, e que a capacidade humana
de encontrar soluções para seus problemas, necessidades e ambições.
Trabalho - Eproinfo - Fórum 2.6
Trabalho - Eproinfo - Fórum 2.6